Nasceu Ovino, o Luís.
Conhecido na adolescência pelas suas pequenas traições amorosas, disputas mesquinhas entre os amigos ovídeos, da mesma classe social.
Belas fotografias tem o ovino Luís. Bons momentos aqueles, passados na avenida do Brasil, tempo em que os muflões podiam circular livremente naquelas artérias da cidade invicta. longas tardes a viver dos rendimentos dos seus progenitores.

Pose atrevida, sorriso maroto, lã farta, de pullover laranja pelo dorso, porta-chaves feito de couro caprino dos seus antepassados, ornamentado com o símbolo da conhecida marca de unicórnios falidos, que só a animália burguesa sabe apreciar.
Aos vinte anos de idade, Luís tinha já uma vida política de relevância assinalável. Pertenceu à Juventude dos Muflões Sociais Democráticos (JMSD), naqueles incríveis anos em que os mais novos vinham para a rua gritar Cavaco, Cavaco! Passavam em caravana, sentados na janela dos seus longos carros, de pernas estendidas e bandeira no casco.
Foram belos anos, em que a juventude ovídea laranja, pouco esclarecida e ideologicamente empobrecida se libertava dos enfadonhos anos de liberdade, dolorosamente conquistados pelos seus progenitores. Nascia assim a poderosa máquina laranja que ajudou a eleger o Muflão Cavaco, popular governante de direita, da dinastia ovídea laranja. De tal ordem foi o envolvimento do Luís, nesta onda sumarenta laranja, que lhe valeu um cognome Luís Muflão o Laranja. (LML)
Os anos foram passando, aos trancos e barrancos, marrada aqui, marrada ali, Luís Muflão, chega ao poder da sua família ovídea. Conta agora com 50 anos de idade, atraente muflão maduro, com os seus belos chifres retorcidos, impõe respeito e autoridade nos rebanhos por onde passa.
(…)
Adorado por muitos, receado por outros, Luís sabe que o seu lugar de liderança no rebanho é transitório. Apesar da sua visão binocular, que tantas vezes o salvou de emboscadas, e afogamentos em Rio mais turbulentos, desta vez não pode falhar na conquista do cadeirão. O famoso cadeirão do poder, feito de pau santo, matéria-prima oriunda do saudoso tempo das colónias, que só os grandes lideres do rebanho se sentaram.
Aquele cadeirão que confere aos muflões-de-bem, um importante lugar na história, que lhes permite defender as famílias naturais, preservar os bons costumes e o velho saudoso respeitinho tão lusitano;
Em tempo de campanha eleitoral, LML promete proteger a iniciativa privada, defender os muflões mais ricos, poderosos e empenhados; desvalorizar as iniciativas coletivas e sociais dos ovídeos que tantas vezes enfraquece a raça, tornando-a dependente de subsídios e apoios comunitários. Acabar com os balidos reivindicativos de classes sociais de linhagens inferiores.
Chegou o tempo de Luis Muflão Laranja! – Dizem os seus apoiantes.
É preciso pôr Portugal a Balir de novo!
