Mas que persistente, ridícula e desmobilizadora insistência esta…

É injusta a segmentação das lutas em prioridades, é ignóbil menosprezar as abordagens e estilo das reivindicações dos professores, insinuando que por terem ido “longe demais”, por terem sido “demasiado ruidosas…”, “perturbam as negociações”, dificultando os negócios com o misérable, acerca da recuperação do tempo de serviço.

Que fique claro, a recuperação do tempo de serviço é uma reivindicação JUSTA e a luta, empreendida por muitos, no decurso dos últimos anos merece o reconhecimento e profundo respeito de TODOS os profissionais de educação, pela forma como têm lutado, a persistência que não abandonam, mesmo quando as derrotas se sobrepõem à esperança! 

Esta exigência reivindicativa deve mobilizar todos os professores e TODOS devem exigir que a justiça seja feita.

O que não se compreende, é a mensagem frequente, cíclica e persistente de alguns agricultores, mais ou menos mediáticos, que procuram minimizar a importância de outras reivindicações igualmente JUSTAS! As Linhas Vermelhas que, nos últimos tempos, mobilizaram a mais feroz contestação a que o país democrático alguma vez assistiu!

Será que os agricultores perderam a capacidade de ler os astros, de descodificar as alterações meteorológicas, de medir a humidade relativa do ar?
Ou será que estão nesta luta apenas com o objetivo de retirar dividendos da força de contestação dos professores, de forma a concretizarem as suas agendas pessoais?
Talvez, por isso, se perceba que a rua não é o seu jardim predilecto, e se façam notar as ausências, aos olhos dos mais atentos.
 
É injusta a segmentação das lutas em prioridades, é ignóbil menosprezar as abordagens e estilo das reivindicações dos professores, insinuando que por terem ido “longe demais”, por terem sido “demasiado ruidosas…”, “perturbam as negociações”, dificultando os negócios com o misérable, acerca da recuperação do tempo de serviço.

Se enfraquecermos as forças de contestação, se as segmentarmos em nichos reivindicativos, numa espécie de saudosismo geriátrico, tentando impôr a afirmação que a minha luta (antiga) foi (é) mais importante que a vossa, estaremos a enfraquecer a voz coletiva dos professores. A divisão, a dilaceração, a sublimação das diferenças internas, levarão (de novo) à inércia, às quezílias entre professores e, consequentemente, à terrível desmobilização e enfraquecimento da ação coletiva.

Será difícil compreender, de uma vez por todas, que é na luta una e concertada que o respeito se conquista? será difícil perceber que esta é uma luta para recuperação de uma escola perdida, uma escola onde os professores saibam ensinar o que é a democracia. Será que ainda não entenderam que esta luta pretende deixar um legado para as gerações futuras – cultivando a liberdade e a democracia como valores inalienáveis?

Se continuarem incapazes ler as estrelas, comprem o borda de água e procurem inspiração na página 12 – onde pode ler-se: “como cultivar a esperança para as gerações futuras”.

O respeito não se pede, conquista-se!

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