Memórias de viagem

A Vila do Tarrafal em Santiago, como a maior parte das pequenas vilas e aldeias de Cabo Verde, é profundamente religiosa. O momento alto desta expressão acontece nas celebrações de Nhu Santu Amaru. Festa antiga que muito orgulha os Tarrafelenses.
Bem cedo, a Vila enche-se de gente tal é a importância desta celebração.

O povo de roupas aprumadas, defende-se do sol impiedoso como pode – guardas sois, lenços na cabeça e à sombra das árvores.
A qualquer momento surge de um canto da vila a procissão e com ela os homens de fé, vestidos de branco e cheios de ornamentos de valor simbólico.
Todos estão em silêncio e deixam-se guiar pelos rituais seculares da celebração.

Reconheço alguns rostos. São  homens que dias antes estavam na praia com os seus barcos cheios de peixe, cansados de mais uma faina, estão agora por aqui e além nas suas preces.
Estão também mulheres em silêncio, que ontem gritavam alto, regateando preços, escolhendo um punhado de peixes para alimentar suas famílias.

Vila do Tarrafal, Santiago, 2017


Ilustração “Epifanias” -> e respetiva sinopse

 

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