Reina um profundo silêncio no convés do barco, em contraste com o buliço, e a quase gritaria dos momentos que antecederam ao embarque. Mal se cortam as amarras, os passageiros entregam-se a um silêncio de quase reverência e respeito pelas forças da natureza.
Para trás fica São Vicente com o sol a despertar ali por trás do Monte Verde.
O mar, apesar de estarmos abrigados pelo olho do vulcão submerso, está encorpado.
Entre preces, enjoos e turistas agitados, ouve-se a voz grave do motor que nos empurra pelo “Mar D’Canal”.
Ao largo, outra embarcação toma a nossa atenção. Vai veloz, quase fantasma em direção a terra.
Tem nome de casa o último poiso de pés ao largo de Mindelo. Ilhéu, casa dos pássaros, que procuram repouso nas suas longas viagens pelo oceano. Dizem que é o dente de um monstro bom que vive nas profundezas do canal.
O sol impiedosamente toma conta do céu e a viagem continua.