Este questionário, que decorreu entre os dias 29 de junho e 4 de julho de 2024, contou com a participação de 1676 professores, quadro de zona pedagógica (QZP), quadro de escola/agrupamento (QA / QE) e professores externos (contratados), distribuídos por todo o território nacional.
Num universo de cerca de 130116 docentes, em exercício nos ensinos pré-escolar, básico e secundário público, cerca 70500 apresentaram candidatura aos concursos interno e externo.
Para este elevado número de professores concorrentes contribuíram os docentes QZP, obrigados a concorrer sempre que abre um concurso interno e os professores QA / QE que, apesar de não estarem sujeitos à obrigação de concorrer, o terão feito por motivos diversos.
Esta movimentação de professores QA /QE, aparentemente injustificada, seja pela idade avançada dos candidatos, seja pela proximidade à residência das escolas em que se encontram colocados, suscita uma série de questões que urge indagar, de forma a esclarecer as razões que terão levado, esse elevado número de docentes, a manifestar vontade de mudar de local de trabalho.
Assim, no sentido de dar voz às razões e motivações, que levaram milhares de professores a concorrer aos concursos interno e externo para o ano letivo 2024/25, promoveu-se uma recolha independente de testemunhos anónimos.
Da análise e tratamento dos testemunhos recolhidos (1676 no total), resultam uma série de dados que, pelas preocupações que despertam, deveriam ser tema de análise e reflexão de todos os agentes educativos e decisores políticos. Senão vejamos:
• Cerca de 300 professores em QZP afirmaram-se satisfeitos com a escola onde exercem funções, não tendo razões para concorrer, caso a isso não estivessem obrigados. Pelo que, o afastamento forçado, destes docentes, terá impactos quer nos projetos educativos que integraram quer na prossecução dos relacionamentos e planos pedagógicos.
• 44% dos docentes alegaram ter concorrido para se aproximarem da sua área de residência. Porém, é quase certo que a maioria destes professores não conseguirá satisfazer as suas pretensões. Logo, esta insatisfação terá consequências e impactos diversos, nomeadamente no relacionamento interpessoal nas escolas, no acréscimo de despesas financeiras e, porque a maioria dos professores se encontra numa idade avançada, o aumento das inevitáveis ausências por doença.
• 21% dos professores inquiridos denunciaram a gestão autoritária nas suas escolas, promovida pelos respetivos diretores.
• 21% denunciaram o excesso de burocracia, que sufoca e retira força e ânimo aos professores.
• Quase 350 professores efetivos em escolas/agrupamentos referiram que não estão nada satisfeitos com a escola onde exercem funções.
37% de professores externos (contratados, ...) alegraram sofrer de assédio laboral. Horários desajustados, intermitência contratual, serviço indiferenciado e desrespeito profissional.
Muito preocupante, o retrato traçado pela voz dos professores candidatos aos concursos interno e externo 2024/25.
TOTAL DE PROFESSORES INQUIRIDOS
Quadro de Zona Pedagógica (QZP)
Quadro de Agrupamento/ Quadro de Escola (QA/QE)
Outros - Externos, contratados
Não responderam
“indisciplina e interferência externa nas decisões pedagógicas dos professores”
“Excesso de trabalho e burocracia”
"Demasiadas reuniões e outras tarefas supérfluas que em nada contribuem para a qualidade das aprendizagens”
“Demasiado tempo na estrada”
"Procura de um melhor ambiente de trabalho.”
"Desvalorização do meu trabalho e dedicação aos alunos"
"Assédio no trabalho"
"Avaliação no meu desempenho docente, desrespeito pelo meu horário de trabalho"
“Ilegalidades no meu agrupamento"
“Estou em vinculação dinâmica"
“Sou contratada, por isso obrigada a concorrer"
“Horários feitos à medida"
"Gestão para servir interesses pessoais, desmotivadora e sem uma visão concreta e agregadora da escola, recorrendo ao autoritarismo para compensar a falta de qualidade e profissionalismo.
“triste rumo a que o ensino está a levar"
“cansada de estar longe de quem amo"
(…)